Patologias do Trigo
Tratar as patologias do trigo é essencial tanto do ponto de vista agronômico – garantindo maior produtividade e saúde das lavouras – quanto para atender às exigências da indústria em relação à qualidade do grão.
A ausência de manejo pode comprometer significativamente a rentabilidade do agricultor e prejudicar a cadeia produtiva da indústria alimentícia, colocando em risco a segurança do consumo. Por isso, o uso de práticas preventivas, manejo integrado de pragas e doenças, e tratamentos adequados são indispensáveis.
A seguir detalhes das principais doenças do trigo no Brasil Central:
Brusone

A Brusone, causada pelo fungo Magnaporthe oryzae, é uma doença devastadora do trigo, caracterizada por lesões em forma de losango nas folhas, lesões elípticas nos colmos e espigas brancas. As condições ideais para o surgimento da Brusone incluem alta umidade e temperaturas elevadas, comuns no Cerrado brasileiro.
É uma doença principalmente de espiga, caracterizada pela descoloração de espiguetas acima do local de infecção do patógeno no ráquis, onde se observa um ponto de escurecimento.
Devido à interrupção na passagem de nutrientes, as espiguetas afetadas produzem grãos mal formados.
Apesar de menos frequente, também pode ocorrer em folhas, produzindo lesões elípticas, de cor acinzentada, com bordas escuras
Condições para o Desenvolvimento
Os danos dependem das condições meteorológicas, podendo chegar a 100% em situações extremas, em anos chuvosos e com temperaturas em torno de 25 “C. São necessárias pelo menos 8h de molhamento contínuo a 25ºC para satisfazer o período crítico do patógeno à infecção.
Maior severidade é observada em temperaturas entre 25- 30ºC e molhamento acima de 40h.
Por outro lado, temperaturas noturnas abaixo dos 13ºC afetam negativamente a esporulação do fungo, reduzindo a probabilidade de epidemias.
Não há formação de grãos, quando a espiga é infectada logo no início de seu desenvolvimento.
Controle
Requer medidas integradas, como uso de sementes sadias, diferentes cultivares com maior tolerância à doença, escalonamento da época de semeadura e aplicação de fungicidas.
Giberela
Trata-se de uma doença de espiga, que reduz tanto a produtividade quanto a qualidade dos grãos.
Está associada à ocorrência de micotoxinas, especialmente a DON, que é muito prejudicial à saúde humana e animal, sendo um item avaliado pelos compradores.
Lavouras afetadas por giberela são facilmente reconhecidas pela descoloração precoce de espiguetas, que apresentam cor esbranquiçada.
Pode-se observar uma coloração salmão na superfície das glumas. As aristas afetadas apresentam-se deslocadas para fora das espigas, conferindo um aspecto arrepiado. Os danos ao rendimento de grãos, decorrem da formação de grãos chochos, com menor peso e tamanho.

Infecções tardias após o florescimento, não causam o chochamento de grãos, mas podem resultar no acúmulo de micotoxinas.
A ocorrência de giberela é mais evidente e danosa em anos chuvosos e com temperaturas não muito baixas.
Na temperatura de 20ºC a 25 ºC são necessárias em torno de 48h a 72h de molhamento contínuo para satisfazer o período crítico à infecção.
Controle
As melhores estratégias se baseiam no uso de cultivares mais tolerantes e a aplicação de fungicidas no florescimento.
Observa-se resultados melhores quando a primeira aplicação é realizada em 50% do florescimento.
Se o ambiente se mantiver favorável, uma segunda aplicação é indicada após 5 a 7 dias.
Mancha Amarela
Sua ocorrência é mais pronunciada na fase adulta da planta. Plantas jovens podem apresentar pequenas lesões, que se iniciam por pontuações escuras e evoluem para necroses, usualmente de coloração marrom com halo amarelo, resultado da produção de toxinas pelo patógeno.
A mancha amarela é considerada doença comum em sistema plantio direto, pois o agente causal continua o ciclo nos restos culturais. Assim, a principal fonte de inóculo são os restos de trigo e de outros cereais.
A temperatura ideal para ocorrência da doença está entre 18 e 28°C, com período de molhamento variando de 12 horas (em cultivares suscetíveis) a 30 horas contínuas.


É uma doença importante em todas as regiões onde o trigo é cultivado no Brasil, principalmente no Sul, e pode reduzir em 40% a produtividade quando as condições climáticas são favoráveis
Controle
Indica-se para seu controle a rotação de culturas, uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas, variedades mais tolerantes além de aplicação de fungicida no início do aparecimento de sintomas.
A eficiência do controle químico vai depender do momento da aplicação, da suscetibilidade da cultivar e das condições climáticas.
Mancha Marrom
Sua ocorrência prevalece nas regiões tritícolas mais quentes, quando ocorrem condições de períodos contínuos de molhamento. Quando o fungo coloniza a espiga, pode infectar os grãos dando origem aos sintomas de “ponta preta em grãos de trigo”, o que pode interferir na qualidade da farinha e também na produtividade da lavoura.
A planta é mais vulnerável a partir do florescimento, quando necessita de energia para o enchimento de grãos.

Nas folhas, os sintomas iniciam com pequenas manchas de cor parda, forma elíptica a retangular, com 1 a 2 mm de comprimento e bordo definido de cor marrom escuro a preto.
Nas espigas formam-se manchas nas glumas similares as das folhas.
O fungo pode ser transmitido por sementes, o que permite a disseminação a longas distâncias.
A temperatura ideal para o desenvolvimento está entre 20 e 28°C, com período de molhamento
foliar de pelo menos 15 horas.
Controle
As medidas de controle são utilização de cultivares com mais tolerância, rotação de culturas e aplicação de fungicidas.
Eis as principais diferenças entre a Mancha Amarela e Marrom:

Fonte: Manual de Identificação de Doenças de Trigo – Embrapa e Guia Prático de Doenças Biotrigo.
